Artigo do dia

terça-feira, 8 de junho de 2010

Onde queremos chegar?

Uma pesquisa realizada no Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP reforça o argumento de que adolescentes que trabalham e estudam têm sua qualidade de vida prejudicada. "A dupla jornada prejudica os alunos na vida social, no trabalho e na escola", explica a bióloga Liliane Reis Teixeira, doutoranda do Departamento e responsável pelo estudo. Este dilema é vivido por grande parte dos estudantes universitários brasileiros.
As Grandes écoles (escolas de administração francesas) e as business school (norte-americanas) exigem de seus estudantes dedicação exclusiva. Aparentemente pode parecer que a diferença entre estudar integralmente (como lá) e estudar e trabalhar (como aqui) está apenas na diferença de experiências, porém isso não é verdade. A grande parte dos estudantes universitários brasileiros despende em estudos e trabalho uma soma média de doze a treze horas por dia, enquanto estudantes de universidades integrais européias e americanas totalizam uma média de oito horas exclusivamente em sala de aula e leituras extraclasses.
O número de horas certamente não é o único e tampouco o pior dos problemas, cabe destacar que um emprego exige cobranças, responsabilidades, as quais geram uma pressão incalculável na vida de nossos universitários brasileiros. Sabe-se que não somos referências em leitura, contudo faz-se muito importante lembrar que o ato de trabalhar, na grande maioria dos casos de nossos jovens, não é uma opção, mas uma necessidade: seja pelo contexto social desfavorável do estudante, seja pelo mercado de trabalho que exige inúmeras experiências de universitários recém-formados.
Como conseqüência disso, temos jovens mais estressados, que dormem menos (algo essencial para o desempenho escolar), lêem menos e se sentem constantemente cobrados por si mesmos, por seus professores e familiares. Certamente o caminho da educação não pode ser o de reduzir o nível de exigência dos nossos estudantes frente às dificuldades sociais existentes, todavia o problema exige que pensemos onde desejamos chegar. Essa competição nos faz vítimas constantes de querermos nos tornarmos melhores como trabalhadores, estudantes, pais, mas as perguntas que me faço constantemente são: será que estamos utilizando a tecnologia a nosso favor? Onde vamos parar com os nossos excessos?
Trabalhar mais, estudar mais, exigir mais de nós mesmos, tornar-nos-ão pessoas mais felizes? Se a criação de novas ideias está diretamente associada à inspiração e liberdade, não podemos acreditar que este caminho dos excessos nos levará a inspiração de criarmos um mundo melhor.

Escrito por Guilherme Reitz

www.iniciativaempreendedora.blogspot.com

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